Nível do mar pode subir mais de um metro em 80 anos

O nível do mar pode subir mais de um metro em 80 anos. A maioria dos recifes de coral de água quente deve morrer. Os oceanos estão esquentando duas vezes mais rápido do que em 1993.

Essas são apenas algumas das conclusões preocupantes detalhadas em um novo relatório do Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (IPCC).

O relatório compilado por mais de 100 autores de 36 países, põe em foco a situação dos oceanos do mundo e sua criosfera, as partes congeladas do planeta. As descobertas revisam as projeções para o aumento do nível do mar. Segundo os autores, se a temperatura da Terra aumentar mais de 3 graus Celsius, os níveis de água seriam em média 1 metro mais altos até o ano 2100.

A temperatura média do planeta já subiu 1 grau Celsius, e o nível do mar subiu globalmente cerca de 15 cm. Mas o aumento está se acelerando, segundo o relatório. Os pesquisadores sugerem que até o final do século, mares mais altos provavelmente deslocarão ou afetarão a vida de 680 milhões de pessoas que vivem em zonas costeiras baixas, junto com 65 milhões de moradores de pequenas ilhas.

A principal causa desse aumento do nível do mar é o derretimento das camadas de gelo da Antártica e da Groenlândia.

\”A maior mensagem para levar para casa é que o número de pessoas que serão ameaçadas pela elevação do nível do mar neste século é extraordinário\”, disse Margaret Business, diretora administrativa do Programa Ártico do Fundo Mundial para a Vida Selvagem, à Business Insider. \”O aquecimento dos oceanos e da criosfera apresenta um duplo golpe\”.

Nível do mar pode subir mais de 3 metros em 80 anos

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Mesmo que países de todo o mundo cumpram a meta estabelecida no acordo climático de Paris com o objetivo de impedir que o planeta aqueça mais de 2 graus Celsius, o novo relatório sugere que o nível do mar ainda pode subir até 3 metros até o final do século.

Esse aumento do nível do mar vem de duas fontes principais: derretimento de geleiras e aumento da temperatura do oceano, porque a água como a maioria das coisas, se expande quando aquecida, com impacto mais acentuado do primeiro fator apresentado.

O gelo da Groenlândia está derretendo seis vezes mais rápido agora do que há quatro décadas, de acordo com um estudo de abril, despejando cerca de 286 bilhões de toneladas de gelo por ano no oceano.

Duas décadas atrás, a média anual era de apenas 50 bilhões.

Somente esse derretimento já contribuiu para mais de 1,2 cm de aumento no nível do mar desde 1972. De maneira alarmante, metade desse aumento ocorreu nos últimos oito anos.

Enquanto isso, na Antártica, toda a camada de gelo derrete quase seis vezes mais rápido do que há 40 anos. Na década de 1980, a Antártica perdeu 40 bilhões de toneladas de gelo anualmente. Na última década, esse número saltou para uma média de 252 bilhões de toneladas por ano.

A taxa em que cinco geleiras antárticas estão perdendo gelo dobrou nos últimos seis anos, segundo um estudo de julho.

Especificamente, seções da geleira Thwaites no oeste da Antártica estão recuando até 800 metros por ano, contribuindo para 4% do aumento do nível do mar em todo o mundo. O Thwaites corre o risco de atingir um ponto de derretimento irreversível, após o qual a geleira pode perder todo o seu gelo em um período de 150 anos. Isso, por sua vez, pode desencadear uma reação em cadeia do derretimento, que pode elevar o nível do mar em mais de 3 metros ao invés da estimativa de cerca de um metro do IPCC.

Além disso, a pesquisa constatou que outras geleiras fora da Antártica e da Groenlândia também estão desaparecendo.

As geleiras menores nos EUA, na Europa e nas montanhas dos Andes devem perder mais de 80% de seu gelo e neve atuais até 2100, concluíram os autores que isto afetará negativamente as atividades recreativas, o turismo e os bens culturais.

\”Muitas pequenas geleiras, por exemplo, no estado de Washington, no oeste dos EUA, desaparecerão nas próximas décadas ou dentro de, no máximo, um século\”, disse Regine Hock, uma das autoras do relatório, em entrevista coletiva.

 

Recifes de coral estão em apuros

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Os oceanos do planeta absorvem 93% do calor extra que os gases de efeito estufa retêm na atmosfera. O ano passado foi o mais quente já registrado para os oceanos. O ano de 2018 quebrou o recorde de temperatura de 2017, que por sua vez quebrou o de 2016. Os cientistas nunca viram calor assim desde que começaram a medir a temperatura do oceano nos anos 50.

De acordo com o relatório, o oceano deve absorver duas a quatro vezes mais calor até 2100 do que entre 1970 e 2018 – e isso é se o aquecimento global for limitado a apenas 2 graus Celsius.

As ondas de calor marinhas, onde a temperatura da superfície da água apresenta anomalias quando comparada com a média histórica para o período estudado, já dobraram de frequência em relação a 1982. Se a Terra aquecer outros 2 graus Celsius, espera-se que essas ondas de calor sejam 20 vezes mais frequentes.

Isso é especialmente problemático porque a água quente pode fazer com que os corais expulsem as algas que vivem em seus tecidos, ficam brancos e acabam morrendo. Isso é conhecido como branqueamento de corais. Nas taxas atuais, espera-se que 60% de todos os recifes de coral sejam ameaçados de forma alta ou crítica até 2030, e 98% dos recifes serão expostos a condições potencialmente fatais a cada ano.

No ano passado, mais da metade da Grande Barreira de Corais da Austrália estava morta como resultado do branqueamento.

Mesmo que o objetivo mais ambicioso do acordo de Paris seja alcançado e a temperatura do mundo não suba mais de 1,5 graus Celsius (um cenário altamente improvável), quase todos os recifes de coral de água quente são projetados para sofrer extinções generalizadas.

 

A perda da vida oceânica afeta a segurança alimentar

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Os recifes de coral cobrem menos de 1% do fundo do oceano, mas as consequências do branqueamento de corais são catastróficas, pois um quarto de todas as espécies de peixes passa parte do ciclo de vida dos recifes. Isso significa que a perda de corais pode ter consequências terríveis para as comunidades costeiras que dependem dos ecossistemas de para sobreviver.

Aproximadamente 3 bilhões de pessoas no mundo confiam nos frutos do mar capturados e cultivados como sua principal fonte de proteína, de acordo com a Organização Mundial da Vida Selvagem. A pesca nos recifes de coral gera US$ 6,8 bilhões por ano em todo o mundo.

\”Espera-se um aumento no risco à saúde nutricional em algumas comunidades altamente dependentes de frutos do mar, como as do Ártico, África Ocidental e dos Pequenos Países Insulares em Desenvolvimento\”, afirma o relatório.

O aquecimento também pode causar insegurança alimentar para os moradores do Ártico, incluindo povos indígenas, observa o relatório, uma vez que as mudanças perturbam as atividades de pastoreio, caça e pesca.

\”Existe uma relação entre a diminuição dos estoques de peixe, as focas morrendo de fome, as baleias desaparecendo e a vida humana no Ártico\”, disse Becca Robbins Gisclair, diretora sênior de programas do Ártico na Ocean Conservancy, à Business Insider.

Ela acrescentou: \”Se não agirmos, a segurança alimentar de bilhões de pessoas corre risco, ecossistemas inteiros podem desaparecer, comunidades costeiras e ilhas baixas podem ser invadidas pelo aumento do mar, e as pessoas não terão a mesma oportunidade de observar a maravilhosa natureza dos nossos oceanos\”.

Para preservarmos nosso planeta e garantir que seja habitável pelas próximas gerações, precisamos mudar nossos hábitos. Confira alguns de nossos artigos com dicas para mudar seus hábitos de consumo, com menor impacto no meio ambiente. Boa leitura!

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Fonte:

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